sexta-feira, 31 de julho de 2015

Um dia chegas à conclusão que não vais conseguir sozinha. Que aquilo que sentes, e que não entendes muito bem, não vai passar em dois ou três dias como seria bom. Que precisas de ajuda para ultrapassar, mas principalmente para compreender o que se passa contigo e com essa tua cabeça. E dás contigo a chorar desalmadamente em frente à médica de família e a sair de lá com uma receita de ansiolíticos, "só para se sentir um pouco melhor". 
E esperas 3 dias para aviar a receita - tu, que sempre foste anti-comprimidos - e percebes que não é aquilo que te vai ajudar.
Desabafas com quem compreende um pouco o que sentes, e que te aconselha a tratar a causa e não os sintomas, disso que te faz sentir como te sentes - triste, sem paciência, sem vontade para nada.
E dás por ti a marcar uma consulta numa psicóloga. E vais. E choras ainda antes de entrar. E choras o tempo todo lá dentro. E percebes um pouco, apenas com esta consulta, o que se passa contigo.
E é nesse dia, nesse momento, que entendes que pedir ajuda não é um ato de fraqueza. 
É um ato de coragem.
E um dia queres voltar e já não te lembras da password. E tentas aquelas duas que são as prediletas, e que dão sempre para tudo mas não dão para aqui. 
E voltas a tentar. E nada. 
E chamas nomes ao computador e à merda-que-é-esta-porcaria que está a dar erro por tudo e por nada e resolves seguir os passos da ajuda. E segues, mas isto é tão irritante que quando te pedem uma nova password, depois de teres inserido aquelas duas e de ter aparecido a mensagem que têm que ser passwords novinhas-em-folha-nunca-antes-utilizadas, acabas por soltar uma grande palavra feia ao mesmo tempo que a escreves e pimba: password aceite!
Agora é lembrar sempre a mesma palavra feia e escrevê-la aqui, conjugada com os outros caracteres. 
Palpita-me que, da próxima vez, a palavra escrita será lembrada, mas os restantes caracteres não. E aí a palavra será dita também!